sábado, 16 de novembro de 2013

Contos de um perdedor perdido.



João atravessou a rua sem olhar para os lados. Queria um carro, podia ser um pequeno, que o acertasse em cheio e deixasse seu corpo pelo chão. Precisava enganar as leis celestiais, sempre foi católico e sabia que o suicídio lhe tiraria a possibilidade de céu.
Acreditava com fé inabalável que merecia o céu, uma vez que, o inferno já estava vivendo aqui, no agora, há muito tempo.
 Nada de carro! Esse era outro dos problemas de sua vida. Nada acontecia. Podia ser esse um problema que só existia porque morava em uma cidade pequena. Se quisesse ser atropelado em São Paulo ou no Rio seu corpo já estaria duro, enterrado e frio.
Não que João tivesse motivos para querer a morte. Faltavam motivos para querer a vida. Nada chamava sua atenção.
Foi um menino interessante, achavam-no autista ou com alguma síndrome social nunca comprovada mesmo sendo avaliado por muitos especialistas, nada! Reparem como sua vida flutua sobre o nada. Até Dona Chica, a benzedeira, deu-lhe um banho de alecrim e urtiga em uma tarde chuvosa de dezembro bem no alto de seus 13 anos e nem direi o que aconteceu, espero a perspicácia de você avido leitor.
Ganhou cachorro, time para torcer, festa a fantasia. Não se resolveu por nada e a vida ia.
Casou, descasou, viu sua mulher casar novamente e pasmem nada.
Parece que seu único desejo era o céu. Poder se encontrar com Deus e dizer-lhe cara a cara umas boas verdades


quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Cânticos de um perdedor perdido.


A queda pareceu infinita
Não que a dor seja eterna
Nunca é.
A culpa, a insegurança
O medo, e a decepção
Parecem absolutos.
Nesses dias o mundo é preto e branco
E o escuro companhia.
A cerveja perdeu o gosto
E o amor não dá nem pro gasto.
Levantar é um sonho
O chão realidade
Sentimos a força de nossas fraquezas
Nossa humanidade
E restam poucas coisas
Entre elas
Seguir.

Esperando por uma pitada de redenção.