sexta-feira, 1 de junho de 2012

A estranha arte do desapego!



Esse? Pergunta ela.


Este mesmo. Respondo eu.


Como seu? Ainda guardo a promessa que o meu seria seu e o seu meu. Vejo suas veias, seu rosto. Um misto de dor, raiva, frustração e alívio. Como se também eu não sentisse o peso do sofrer.


Sim, esse mesmo. Respondo eu.


O silêncio faz do momento sombrio. Não sinto respiração, somos estatuas remanescentes de uma alegoria inversa.


Devolverei. Sentencia ela, depois de um instante lacônico, que em mim durou o tempo que durou o que vivemos.


Ainda te amo! Não era isso que queria dizer, foi isso que minha boca disse. Ainda te amo! Retrucou ela. Seja honesto, se me amasse faria tudo que fez?


Daí em diante foi uma sucessão de palavras todas contrarias as ditas anteriormente. O fim foi um beijo. Como odiei esse beijo. Odiei com um amor irresponsável, com algo ardente e inevitável. No fim só lembrava que a amava com tudo que tinha.


Isso deveria ser o conforto de uma história feliz. Descobriríamos depois que não, não seria desta maneira que resolveríamos nosso problema. Um problema de amar demais. Parece pouco, mais ame além e veja o naufrágio de sonhos e desejos.


Uma vez ouvi que devemos querer o cinco. Cinco é uma boa média, pois, quando conseguirmos um dez estaremos radiantes. Por outro lado, se formos sempre dez as expectativas geradas farão de nossa vida um grande zero.


Tínhamos um amor sete ou oito, erramos ao achar que éramos dez. Deveríamos ser cinco e buscarmos os momentos que valeriam um dez juntos. O que fizemos, egoístas, desumanos em nossa humanidade trouxemos nossos falsos dez para uma relação capenga.


Sua boca tremula deixou a minha, suas lagrimas salgavam de um sabor angelical meus lábios. Tínhamos nosso dez e mesmo assim reprovamos na estranha arte do desapego.


Para não alongar muito, terminamos, mas ainda a amo! 

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